#02 Como foi a minha experiência viajando sozinha pela primeira vez?
Entre passar o aniversário sozinha e viver um romance de verão, muita coisa pode acontecer.
Ano passado, no começo de outubro, eu estava organizando a minha festa de aniversário. Passei com a minha família, amigos, família do meu ex namorado e rolou até coro na hora do parabéns para ele me pedir em casamento.
Se eu voltasse no tempo hoje e contasse para a Marília prestes a completar 27 anos tudo o que iria acontecer em nossa vida dentro de 365 dias, com certeza ela daria risada e me chamaria de louca.
A minha vida estava confortável. Ganhava bastante dinheiro, comprava o que eu queria, saía pros melhores lugares, morava com a pessoa que amava… próximo passo seria noivar.
Aí 2024 aconteceu. E o que poderia ser mais simbólico do que comemorar essa data sozinha em uma viagem de reconexão comigo mesma para Bonito, no Mato Grosso do Sul?
08/10
Eu passei 5 dias lá e quero te contar um pouco sobre como foi cada um deles.
Primeiro que o frio na barriga começou na hora do voo. Achei que sentiria medo de viajar sozinha, no sentido de sei lá, me perder (?). Mas me esqueci que cria da rodoviária de São Paulo e do Rio não tem medo de mais nada.
Vencida essa etapa, que foi bem tranquila por sinal, cheguei lá. Na terça ainda trabalhei um pouco e depois desci pra piscina.
Nesse primeiro dia já aprendi uma coisa: como é bom ter paz!! Viajar sozinha é simplesmente não precisar dar satisfação pra ninguém, fazer o que quer, quando quer. Isso por si só já foi libertador.
Na piscina, havia um senhor, uma moça, que parecia ser sua filha, e um outro moço com o pai. Eles começaram a conversar e de longe já dava pra saber que tinha mineiro ali. Sotaque inconfundível.
Papo vai, papo vem, e eu de bituca esperando uma oportunidade de me encaixar de alguma forma. Consegui. Começamos a conversar e ficamos até às 23h bebendo e batendo papo na piscina do hotel.
Nesse momento, uma chavinha virou: eu não estou sozinha.
09/10
No segundo dia fui mergulhar com os peixes e a experiência ficou ainda melhor. Eu, com os meus 5 centavos de inglês, servi de intérprete para uma coreana que estava com a gente.
Começamos a conversar, e embora eu não estivesse nada confiante, foi muito legal ver que a gente se entendia e conseguia manter uma conversa. No fundo é sobre se comunicar e se relacionar, seja em qual idioma for.
Depois, fui mergulhar com o meu grupo e conheci um casal recifense que me convidou pra comer um peixe assado à noite. O meu instinto primitivo foi dizer não e inventar alguma desculpa. Mas eu aceitei.
Durante o mergulho, nos primeiros momentos tudo é lindo e você fica deslumbrada com esse novo mundo. Parece que você está assistindo a vida em 4K.
Mas depois de algum tempo os pensamentos intrusivos começam a tomar conta, então eu precisava soltar uns "Cala boca e aproveita, porra!". Vai entender o cérebro humano, nós realmente não sabemos ter um tempo ocioso.
Enfim, chegou à noite e fui lá pro jantar. Saindo do hotel, encontrei meus amigos do hotel que também estavam indo para o mesmo restaurante. Sentamos todos juntos e curtimos uma noite deliciosa em uma conexão São Paulo - Minas - Recife.
Aqui, vale um adendo: embora possa não parecer, eu sou altamente introspectiva. Então eu sabia que uma hora a conta de tantas conexões iria chegar. E chegou. Bem no dia do meu aniversário.
10/10
O passeio no dia do meu aniversário foi o mais desafiador: trilhas, escadarias, chuva, rapel…
Diferentemente dos outros dias, que eu fui de van, nesse, um carro foi nos buscar. Sentei na frente com uma motorista que foi conversando do início ao fim do caminho. Não me leve a mal, eu gosto de conversar. Talvez não às 7 da manhã.
Beleza, chegando lá, decidi fazer rapel, e sinceramente, QUE EXPERIÊNCIA! Aquela sensação de adrenalina gostosa, de estar viva!
Além de desafiador, esse passeio foi muito longo. Nesse dia eu realmente senti falta de ter alguém porque todo mundo tava ali de casal. Mas sinto que é mais pela pressão social do "Você está sozinha aqui?", do que pela falta em si.
Ou não, às vezes você só quer ter alguém para olhar e dizer: tá vendo isso que eu tô vendo? Sentindo o que eu tô sentindo?
No meio do passeio a chuva chegou para lavar nossa alma e eu acho que nunca me senti tão grata. Tornou tudo ainda mais especial.
Na hora de vir embora, a moça da equipe me falou "Pera aí que a gente tem uma surpresa".
Esperava qualquer coisa. Menos ganhar um bolo de aniversário com direito a parabéns. Juro, uma onda de carinho e amor me inundou. Mais uma vez, o pensamento: “Eu não estou sozinha".
Cheguei no hotel e a bad bateu. Deitei, ouvi música, meditei, dormi, acordei. Decidi que não queria sair. Depois decidi sair. Isso tudo sem prestar contas a ninguém.
Ironicamente, ou não, o meu aniversário foi o único dia que passei sozinha. É como se o universo me mostrasse que, seja onde for, eu posso estar rodeada de pessoas. Mas na hora que o bicho pega, sou eu comigo mesma.
Além disso, serviu pra me mostrar que o mundo gira muito rápido. Que os valores de 1 ano atrás podem mudar e se transformar como fumaça.
Foi um dia extremamente introspectivo, mas não de um jeito ruim, de um jeito necessário. Você sabe curtir sua companhia? Sabe se levar tomar um drink e curtir um som ao vivo sem a muleta de alguém do seu lado? Um café, que seja.
O que de mais grave pode acontecer se você tentar? Experimente. No início pode parecer estranho, mas é recompensador.
11/10
Depois de carregar minha bateria social, chegou o dia do último passeio. Fui sem nenhuma expectativa, mas não estava pronta para o que o universo colocaria no meu caminho.
A começar que a galera da van era bem mais jovem. Logo quando a gente chegou e desceu pro passeio, fiz amizade com um casal de mulheres. Nisso, uma menina que viajava com seu amigo também se juntou e a experiência foi ficando cada vez melhor.
O grupo era super entrosado e o passeio maravilhoso. Tinha trilha, cachoeira, muita chuva, tirolesa e mergulho.
Inclusive, quando chegamos para mergulhar, o sol abriu e tornou tudo mais lindo.
Depois, fomos almoçar, todos juntos, e curtimos o resto do dia na fazenda, com stand up, canoagem e até vôlei a gente jogou.
Eu sou fissurada em vôlei, em uma realidade paralela com certeza fui atleta, e ter ali um grupo de amigos pra jogar comigo (coisa que eu sempre reclamo que não tenho onde moro), foi um presente do universo.
Nesse dia eu me senti genuinamente feliz e entendi mais uma vez: eu não estou sozinha.
Pra fechar esse dia e essa viagem, nos encontramos à noite e já combinamos a nossa próxima viagem. Sério, viver é bom demais!
Diante de tudo isso, quais foram os meus principais aprendizados?
É gostoso ter companhia. Mas é ainda mais libertador poder sair pra onde você quiser, comer o que quiser, fechar o passeio que preferir, ou simplesmente se jogar na cama e não querer sair do hotel.
Quando você se abre pra vida, ela também se abre pra você. Eu senti que por estar sozinha, estava muito mais aberta para conversar com outras pessoas, coisas que, acompanhada, eu possivelmente faria bem menos.
Um grande diferencial foi ter ido pra um lugar extremamente tranquilo, conectado com a natureza, em uma cidade pacata e segura pra sair andar à noite. Não é o tipo de viagem que eu faria pro Rio, por exemplo.
Tem muita mulher viajando sozinha e isso dá um quentinho no coração.
É o tipo de experiência que você precisa ter pelo menos 1x na vida. E vicia. Já quero a próxima!
Achei que seria bem mais solitário, mas foi muito mais sobre solitude.
Ninguém vai te julgar por estar sozinha ali. Na verdade, as pessoas passam a te admirar bastante pela coragem.
Pessoas precisam de pessoas. Esteja disposta a se relacionar, vá de coração aberto e se surpreenda.
No meio disso tudo ainda vivi um romancezinho de verão. Ou seja, expectativa 0, realidade 10!
E você, já viajou sozinha? Responde esse e-mail pra eu saber! (Sim, você pode responder as newsletters).
O que tem brotado no meu campo? 🌿
Se o dinheiro que eu ganhar não for direcionado às experiências que desejo viver, é um dinheiro mal gasto. O que se leva dessa vida é a vida que se tem.
Indicações Artesanais ✍🏽
📚 Véspera: você não vai conseguir parar de ler. Um livro recheado de personagens complexos e narrativas de profunda camada psicológica que nos lembra do misterioso nuance que é ser humano.
🎬 Uma nova mulher: um romance e drama turco da Netflix que envolve autoconhecimento, espiritualidade, descobertas, enfim, tudo a ver com esse clima de conexão e viagem, interior e exterior. Devorei!
📹 Se estiver atravessando o inferno, não pare: Conheci a Andréa pelo podcast Descobri depois de adulta, e com certeza se tornou um dos meus preferidos. Nesse episódio, ela foca na importância da recuperação e superação, antes de querer entender o porquê estamos passando pelo inferno.
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Viajar sozinho é, de fato, uma experiência única. A grande maioria das viagens que fiz foi sozinho e descobri que era a situação em que menos fui tímido na vida, explorando lugares e conversando com pessoas de diversos lugares, com uma naturalidade que nem sabia que existia em mim nessas situações. Hoje, estando noivo, gosto de fazer isso com minha companheira e a experiência é maravilhosa, mas tenho boas memórias e boas histórias das viagens que fiz totalmente solo.
Viajar sozinha é realmente delicioso. Pensando agora, desde que comecei a namorar (há 10 anos rsr) não tive outra experiência como essa, deu saudade!